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Principais doenças
Aqui vou descrever as principais doenças de tratamento cirúrgico na faixa etária pediátrica - do nascimento aos dezoito anos de idade - e dar algumas informações úteis sobre as cirurgias.
Fimose
Fimose em Crianças: Quando Realmente Precisa Operar?
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A palavra "fimose" costuma assustar muitos pais, mas nem sempre é motivo de preocupação. Em grande parte dos casos, a fimose é fisiológica — ou seja, normal no desenvolvimento da criança — e tende a se resolver naturalmente com passar do tempo.
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O que é a fimose?
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É quando o prepúcio - a pele do pênis - não retrai completamente impedindo a exposição da glande - a ponta do pênis. Em bebês e meninos pequenos isso é esperado e, na maioria das vezes, não representa um problema.
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Quando não precisa operar
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Se a criança tem fimose fisiológica, ou seja, sem um anel fimótico estreito e sem sintomas, não é preciso operar. Basta manter uma boa higiene externa lavando com água e sabão durante o banho.
Em alguns casos, pode haver aderências entre a glande e o prepúcio, o que também é comum e esperado. Nesses casos, o uso de pomadas pode ser indicado, mas somente se houver aderência sem a presença de um anel fimótico verdadeiro. Na maioria das vezes apenas manter a higiene adequada é suficiente e podemos aguardar e reavaliar periodicamente.
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Quando a cirurgia é indicada
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A cirurgia (postectomia ou circuncisão) é recomendada quando há:
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Anel fimótico estreito (estenótico) que impede a exposição da glande;
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Fimose secundária (quando a fimose surge após inflamações, infecções ou cicatrizes);
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Casos em que a fimose causa dor, infecção urinária recorrente, balanopostite recorrente ou dificuldade para urinar.
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Cuidados no Pós-Operatório: o que os pais precisam saber!
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A correção da fimose (postectomia ou circuncisão) é uma cirurgia relativamente simples e bastante comum na infância. Apesar de ser um procedimento tranquilo, os cuidados no pós-operatório são fundamentais para garantir uma boa cicatrização e evitar complicações.
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Como fica o pênis após a cirurgia?
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Nos primeiros dias, é normal que o pênis fique mais inchado e até mesmo apresente hematomas.
Estes sinais não significam infecção e são parte do período de recuperação e devem melhorar em alguns dias. A glande ficará exposta, sem a pele que a recobre, e isto pode causar alguma alteração temporária na sensibilidade da região.​
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Cuidados que os pais devem ter:
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Realizar o curativo conforme orientado;
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Compressas frias podem ajudar a reduzir o inchaço;
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Evitar roupas apertadas
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Em crianças que usam fraldas trocá-las com mais frequência ajuda a manter a área limpa e seca.
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Analgésicos conforme orientação médica
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Dor leve é comum, especialmente ao urinar.
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Em geral, dipirona ou paracetamol são suficientes.
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Quando procurar o médico?
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É importante observar a evolução e entrar em contato se notar:
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Sangramento persistente ou abundante;
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Mau cheiro intenso;
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Pus espesso (amarelado ou esverdeado);
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Febre;
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Dificuldade para urinar.​
Quanto tempo para cicatrizar completamente?
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A maioria das crianças está bem em cerca de 7 a 10 dias. O inchaço pode levar um pouco mais para desaparecer por completo. Atividades normais podem ser retomadas assim que a criança estiver confortável, sem com o cuidado para não machucar a área e não sujar. Mas a cicatrização completa leva mais tempo, sendo variável de uma criança para outra;
Hérnia inguinal e hidrocele em crianças – sinais de alerta.
Se você perceber um "carocinho" ou uma "bolinha" na virilha de seu filho, ou perceber que a bolsa escrotal aumenta e reduz de volume constantemente e parece conter água, seu filho pode ter hérnia inguinal ou hidrocele comunicante e e poderá necessitar de cirurgia.
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O que é a hérnia inguinal?
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A hérnia inguinal acontece quando uma alça do intestino passa por um canal na virilha (o canal inguinal) e forma uma saliência visível. Isso ocorre porque o canal por onde os testículos descem durante a desenvolvimento da criança ainda durante a gestação não se fecharam completamente no caso dos meninos. Nas meninas também pode ocorrer o não-fechamento do anel inguinal devido à passagem estruturas embrionárias podendo levar à herniação das trompas, ovários ou do próprio intestino.
Ela pode aparecer como um abaulamento na virilha (tanto nos meninos quanto nas meninas) ou na bolsa escrotal dos meninos e costuma:
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Aumentar quando a criança chora, tosse ou faz força,
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Desaparecer quando a criança relaxa ou deita.
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O que é a hidrocele?
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A hidrocele também está relacionada a esse canal que não se fechou totalmente, mas ao invés de intestino, o que passa é líquido.
A diferença é que:
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A hidrocele forma um inchaço liso e indolor no escroto,
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Não aumenta com esforço,
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Pode transiluminar com a lanterna (passa a luz),
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E muitas vezes some sozinha nos primeiros meses de vida.
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Quando operar?
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Hérnia inguinal: a cirurgia é sempre indicada, assim que for diagnosticada, mesmo que a criança não sinta dor.
Isso porque há risco da hérnia ficar “presa” (encarcerada), o que pode causar dor intensa e comprometer a irrigação sanguínea do intestino. -
Hidrocele:
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Se for não-comunicante em bebês menores de 1 ano, normalmente não é preciso operar pois tende a se resolver espontaneamente.
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Nas hidroceles comunicantes, na persistência da hidrocele após 1 ano de idade ou, ainda, em caso de aumento com o tempo, indica-se cirurgia.
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A cirurgia é segura?
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Sim. Tanto a correção da hérnia quanto da hidrocele são cirurgias seguras, realizadas com anestesia geral mas com alta no mesmo dia.
O corte é pequeno, na região da virilha, e a recuperação costuma ser rápida — em poucos dias a criança já está bem.
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Quando procurar o cirurgião pediátrico?
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Se você notou uma bolinha, um abaulamento, na virilha ou aumento de volume na bolsa escrotal, mesmo que não incomode a criança;
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Se o inchaço parece aumentar em certos momentos;
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Se há sinais de dor, vermelhidão ou choro intenso associados à região.
Dica final:
Nem todo “inchaço” é motivo de urgência, mas toda alteração na região da virilha ou escroto deve ser avaliada por um cirurgião pediátrico. Se a criança apresentar sinais como dor na região, associada ao aumento de volume, vermelhidão da pele, vômitos e distensão abdominal, isto pode ser sinal de que a hérnia se encontra encarcerada e a criança deve ser levada para a emergência o mais breve possível.
Com o diagnóstico correto, o tratamento é seguro, rápido e evita complicações futuras.
Testículo Não Descido (Criptorquidia): Até Quando Esperar?
Durante o acompanhamento pediátrico, é comum que o médico verifique a presença dos testículos no saco escrotal. Quando um ou ambos não são palpáveis, pode haver um quadro chamado criptorquidia — o testículo não desceu até a bolsa escrotal, como deveria ocorrer ainda durante a gestação.
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O que é a criptorquidia?
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É quando o testículo não está presente na bolsa escrotal, podendo estar:
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Na virilha (mais comum),
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Dentro do abdome,
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Ou até mesmo ausente (em casos mais raros, como atrofia ou agenesia).
Em alguns casos, o testículo pode ser palpável e subir de vez em quando — isso se chama testículo retrátil, que não é considerado criptorquidia verdadeira.
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Criptorquidia é comum?
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Sim. Ela afeta cerca de:
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3 a 5% dos recém-nascidos a termo,
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E até 30% dos prematuros.
Na maioria dos casos, especialmente nos primeiros meses de vida, o testículo pode descer sozinho — por isso, costuma-se acompanhar até certa idade antes de decidir pela cirurgia.
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Até quando esperar a descida espontânea?
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O ideal é que o testículo esteja no escroto até os 6 meses de vida.
Se isso não acontecer até os 6 a 12 meses, a recomendação é intervir cirurgicamente.
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Por que operar cedo?
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A correção precoce (de preferência entre 6 meses e 1 ano) traz vários benefícios:
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Preservação da fertilidade futura,
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Redução do risco de câncer de testículo,
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Evita torções e traumas,
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Melhora a estética e o bem-estar psicológico no futuro.
A cirurgia se chama orquidopexia e consiste em localizar o testículo e fixá-lo na bolsa escrotal. É feita com anestesia geral, e normalmente o paciente tem alta no mesmo dia.
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Testículo retrátil precisa operar?
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Não. O testículo retrátil desce espontaneamente ao longo do crescimento e costuma ser avaliado apenas com acompanhamento regular.
Mas se ele passa a permanecer fora do escroto com o tempo pode ser reclassificado como criptorquidia e precisar de cirurgia. Isso acontece geralmente devido a um defeito na fixação do testículo ao canal inguinal - quando deveria ser na bolsa escrotal.
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Quando procurar o cirurgião pediátrico?
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Se o pediatra notou ausência de um ou ambos os testículos no exame físico;
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Se você percebe que há assimetria escrotal (um lado vazio ou menor);
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Ou se o testículo “some” com frequência e não retorna ao escroto.
Dica final:
A criptorquidia tem excelente prognóstico quando tratada no tempo certo. O acompanhamento com cirurgião pediátrico ajuda a garantir que seu filho cresça com saúde, conforto e segurança.
Colelitíase em Crianças e Adolescentes: Pedras na Vesícula em Idades Cada Vez Mais Jovens
Quando falamos em pedras na vesícula, muitas pessoas pensam em adultos. Mas a colelitíase em crianças e adolescentes tem se tornado cada vez mais comum devido à diversas exposições e fatores de risco novos, exigindo atenção de pais e médicos.
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O que é a colelitíase?
É a formação de cálculos (pedras) dentro da vesícula biliar, um pequeno órgão que armazena a bile, responsável por ajudar na digestão das gorduras.
Quando a criança apresenta estes cálculos na vesícula biliar ela pode apresentar dor - geralmente em cólica em região superior mais à direita do abdômen -, náuseas e vômitos.
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Quais são os sintomas?
Nem sempre a colelitíase causa sintomas (em alguns casos, é descoberta em exames de rotina).
Mas quando aparecem, os principais são:
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Dor abdominal, geralmente no lado direito superior e em cólica - especialmente após refeições gordurosas;
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Náuseas e vômitos;
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Sensação de empachamento;
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Em casos mais graves: febre, icterícia (pele amarelada) e dor intensa.
Por que isso acontece em crianças?
Alguns fatores de risco aumentam a chance de colelitíase na infância e adolescência:
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Obesidade e má alimentação (rica em gorduras e ultraprocessados),
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Histórico familiar de cálculos biliares,
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Doenças hematológicas, como anemia falciforme,
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Uso prévio de alguns medicamentos, especialmente alguns antibióticos;
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Jejum prolongado ou nutrição parenteral.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por ultrassonografia abdominal, um exame simples, sem radiação e muito eficaz para visualizar as pedras na vesícula.
Quando é necessário operar?
A cirurgia é indicada quando:
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A criança apresenta sintomas recorrentes;
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Há sinais de inflamação da vesícula (colecistite);
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Se os cálculos forem grandes ou apresentam risco de obstrução da via biliar.
O procedimento se chama colecistectomia videolaparoscópica, feito com pequenos cortes e sua recuperação é rápida.
Nos casos assintomáticos é possível acompanhar por um tempo especialmente se o risco cirúrgico for alto — mas essa decisão deve ser individualizada.
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Como prevenir?
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Alimentação saudável desde cedo, com frutas, legumes e menos alimentos gordurosos e ultraprocessados;
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Manter o peso adequado para a idade;
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Hidratação e atividade física regular também ajudam a evitar o acúmulo de bile espessa na vesícula.
Dica final:
Se seu filho ou filha tem dor abdominal frequente, principalmente após as refeições, vale investigar. A colelitíase tem tratamento seguro e eficaz, e o acompanhamento com um cirurgião pediátrico garante a escolha do melhor momento para intervir.
Hipospádia: O que é e quando operar?
​A hipospádia é uma malformação congênita do pênis que pode ser percebida logo após o nascimento. Ela ocorre quando a abertura da uretra (por onde sai a urina) não está na ponta do pênis, mas sim em uma posição mais abaixo, podendo variar desde a base da glande (casos mais leves) até a região escrotal (casos mais graves).
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Quais são os sinais da hipospádia?
​
Os principais sinais incluem:
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Meato uretral fora da posição habitual (não na ponta do pênis),
-
Curvatura do pênis para baixo (chamada chordee),
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Prepúcio incompleto, com excesso de pele na parte superior e ausência na inferior (aspecto em “capuz”),
-
Em alguns casos, jato de urina para baixo ou lateralizado.
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É necessário operar sempre?
​
Sim. A hipospádia não se corrige sozinha e o tratamento é sempre cirúrgico.
A cirurgia tem como objetivo:
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Reposicionar o meato uretral na ponta do pênis,
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Corrigir a curvatura peniana,
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E reconstruir o prepúcio, se necessário, com aspecto funcional e estético satisfatório.
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Qual a melhor idade para a cirurgia?
A idade ideal para a correção é entre 6 meses e 18 meses de vida, período em que a criança ainda não tem memória do procedimento, o risco anestésico é baixo e a recuperação é melhor.
Importante: não se deve fazer circuncisão antes da avaliação do cirurgião pediátrico, pois o prepúcio pode ser necessário na cirurgia.
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A hipospádia interfere na fertilidade ou vida sexual?
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Quando corrigida adequadamente na infância a expectativa é de vida normal, com função urinária, sexual e fertilidade preservadas. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento com especialista são fundamentais.
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Dica final:
Se seu filho foi diagnosticado com hipospádia ao nascer, procure um cirurgião pediátrico antes de considerar qualquer procedimento no pênis. A avaliação correta e o planejamento da cirurgia fazem toda a diferença no resultado final.
Cisto de Ducto Tireoglosso
O cisto de ducto tireoglosso é o "caroço" cervical mais comum em crianças. Geralmente percebido pelos pais como um nódulo na parte anterior e central do pescoço. Muitas vezes, ele aumenta de tamanho com o tempo ou após infecções. Em alguns casos pode surgir um orifício na pele através do qual pode sair secreção mais transparente ou até amarelada.
Por que isso acontece?
Durante o desenvolvimento embrionário, a glândula tireoide se forma na base da língua e desce até sua posição final no pescoço. Esse trajeto é chamado de ducto tireoglosso, que normalmente desaparece.
Quando isso não ocorre totalmente, pode sobrar um pequeno canal ou cisto nesse caminho.
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Como reconhecer?
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O cisto aparece como:
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Um caroço firme, centralizado no pescoço,
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Que sobe quando a criança engole ou movimenta a língua,
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Em geral indolor, a não ser que infeccione.
Quando é preciso operar?
A cirurgia é indicada em todos os casos, mesmo sem sintomas, pois:
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O cisto pode crescer com o tempo,
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Pode infectar repetidamente,
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E raramente, pode sofrer transformação maligna na vida adulta.
O procedimento se chama cirurgia de Sistrunk, que remove o cisto, parte do osso hioide e o trajeto do ducto até a base da língua. Isso reduz muito o risco de recidiva.
A cirurgia é segura?
Sim. É feita sob anestesia geral e a criança costuma ter alta no mesmo dia ou no dia seguinte. A cicatriz costuma ser discreta e a recuperação, tranquila. Em cistos infectados, muito grandes, ou com trajeto fistuloso extenso pode ser necessária utilização de dreno - que é retirado no pós-operatório após alguns dias.
Dica final:
Se você notou um nódulo no pescoço do seu filho que se movimenta com a deglutição, procure um cirurgião pediátrico. O diagnóstico é clínico e, com a cirurgia, o problema tem solução definitiva.
Quando Levar Meu Filho ao Cirurgião Pediátrico?
O que faz o cirurgião pediátrico?
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É o médico especializado em avaliar e tratar cirurgicamente recém-nascidos, crianças e adolescentes. Ele está preparado para lidar com as particularidades do crescimento, anatomia e resposta ao tratamento dos pequenos — sempre com um olhar humanizado e cuidadoso.
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Quando procurar?
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Você deve considerar uma avaliação com cirurgião pediátrico quando seu filho apresentar:
✅ Fimose persistente após o desfralde, ou com anel muito estreito que dificulta a higiene;
✅ Hérnia inguinal ou um "carocinho" na virilha, que aparece e desaparece;
✅ Aumento escrotal (hidrocele, testículo inchado ou dolorido);
✅ Testículo não descido (criptorquidia), perceptível em bebês ou crianças maiores;
✅ Carocinho no pescoço que se move com a deglutição (como o cisto de ducto tireoglosso);
✅ Hipospádia ou malformações do pênis percebidas ao nascimento;
✅ Dor abdominal persistente, suspeita de apendicite ou pedra na vesícula (colelitíase);
✅ Cistos ou tumores benignos de pele e subcutâneo;
✅ Infecção urinária em meninos ou alterações urológicas detectadas por exames de imagem;
✅ Mal-formações congênitas diversas (cervicais, digestivas, anorretais, entre outras);
✅ Sempre que o seu pediatra sugerir
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E se meu filho precisar de cirurgia?
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A maioria das cirurgias pediátricas são feitas com técnicas modernas e pouco invasivas, com recuperação rápida e mínima dor. As técnicas e medicações anestésicas estão bastante avançadas, e a equipe de anestesistas que trabalha comigo é excelente e muito experiente no atendimento de crianças (instagram @sape.pediatria).
Além disso, o planejamento é feito pensando no melhor momento para cada faixa etária, com segurança e acolhimento para a criança e a família.
Hérnia Umbilical em Crianças
A hérnia umbilical é uma condição muito comum nos bebês e crianças pequenas. Ela aparece como um inchaço ou saliência na região do umbigo, especialmente quando a criança chora, tosse ou faz esforço.
Por que isso acontece?
Durante a gestação, o cordão umbilical passa por uma pequena abertura na parede abdominal do bebê. Após o nascimento, essa abertura normalmente se fecha sozinha.
Quando isso não acontece, pode formar-se uma hérnia — quando o conteúdo abdominal (alças intestinais ou gordura epiplóica) se exterioriza da cavidade abdominal ficando contido em uma estrutura que chamamos de "saco herniário".
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É grave? Precisa operar?
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Na grande maioria dos casos não é necessário operar nos primeiros anos de vida pois a hérnia costuma fechar espontaneamente até os 4 ou 5 anos de idade.
A cirurgia é indicada nos seguintes casos:
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Persistência da hérnia após os 4-5 anos;
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Hérnias muito grandes;
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Complicações como dor, aumento progressivo ou encarceramento (raríssimo em crianças).
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Como é a cirurgia?
É um procedimento simples onde ocorre o fechamento do óstio herniário através da sutura, ou rafia, do mesmo após a dissecção do saco herniário. A alta é no mesmo dia, a cicatriz discreta e o retorno às atividades é rápido.
A cirurgia evita futuras complicações e garante um resultado estético muito bom.
Hérnia Epigástrica em Crianças
Diferente da hérnia umbilical, a hérnia epigástrica aparece acima do umbigo, na linha média do abdome.
É mais comum em crianças maiores e se apresenta como um pequeno nódulo ou “carocinho” que pode causar desconforto, principalmente ao esforço.
Qual a causa?
Essa hérnia ocorre por um defeito na aponeurose da musculatura abdominal entre os músculos retos do abdome. Por esse pequeno espaço o tecido gorduroso (geralmente omento) pode se projetar formando a hérnia.
Quando operar?
Ao contrário da hérnia umbilical, a hérnia epigástrica não fecha sozinha com o tempo.
A cirurgia é indicada em todos os casos diagnosticados mesmo que o paciente não tenha sintomas intensos pois o risco de complicações aumenta com o tempo.
Sobre a cirurgia
O procedimento é rápido e o paciente tem alta no mesmo dia. É realizada uma pequena incisão na topografia da hérnia, dissecado o saco herniário e realizada a rafia (sutura) do óstio herniário na aponeurose muscular. A recuperação também é rápida.
Fístula anorretal em Crianças
A fístula anorretal é uma pequena comunicação anormal entre a parte final do intestino (geralmente na linha pectínea, onde se localizam as criptas de Morgagni) e a pele próxima ao ânus.
Estas criptas podem inflamar, formando um abscesso que com o tempo pode dar origem à uma fístula.
É uma condição mais comum em meninos pequenos, especialmente nos primeiros meses de vida.
Como identificar?
Os sinais mais comuns são:
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Pequena abertura ao lado do ânus, com saída de secreção;
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Episódios repetidos de vermelhidão, dor ou inflamação na região;
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Histórico de abscesso perianal prévio.
Na maioria das vezes, o diagnóstico é clínico, feito pelo exame físico. Em casos selecionados pode ser necessário um exame de ressonância magnética para avaliar a profundidade da fístula e o envolvimento da musculatura pararretal.
Quando levantar suspeita de doença de Crohn?
Embora rara na infância, a doença Crohn (um tipo de Doença Inflamatória Intestinal) deve ser considerada quando:
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A criança apresenta múltiplas fístulas;
-
A fístula não cicatriza mesmo após cirurgia adequada;
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Existem outros sintomas, como diarreia crônica, perda de peso, dor abdominal.
Nesses casos, é indicado o encaminhamento para avaliação conjunta com gastroenterologista pediátrico, além da realização de exames complementares.
Tratamento
Na maioria dos casos o tratamento é cirúrgico, simples e definitivo.
O procedimento é feito sob anestesia, com recuperação rápida e baixo risco de complicações.
Malformação anorretal
As malformações anorretais são anomalias congênitas que afetam o desenvolvimento do ânus e do reto. Geralmente são percebidas logo após o nascimento durante o exame físico do recém-nascido.
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Como são diagnosticadas?
Geralmente o diagnóstico se dá através do exame físico onde pode se observar:
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Ausência de ânus no local habitual;
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Presença de fístula na pele, em região genital ou no trato urinário;
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Posição anteriorizada do ânus (mais próximo ao períneo);
-
Dificuldade de eliminação de mecônio (as primeiras fezes) nas primeiras horas de vida;
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Existe mais de um tipo?
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Sim. As malformações variam de formas simples (como ânus deslocado, ânus em "alça de balde", etc) até casos mais complexos, nos quais o reto se comunica com outros órgãos (como fístulas retais para a uretra, bexiga ou vagina, por exemplo).
Tratamento e acompanhamento
O tratamento é sempre cirúrgico, e o tipo de cirurgia depende da complexidade do caso.
Nos casos mais simples e com diagnóstico precoce pode ser realizada a correção primária. Em situações mais complexas ou de diagnóstico tardio pode ser necessária uma colostomia temporária e a correção é realizada em etapas. Além disto, muitas vezes é necessário um período de dilatação instrumental para prevenir a estenose do novo canal anal.
Após o tratamento, o acompanhamento é importante para avaliar:
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O desenvolvimento da continência fecal;
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O crescimento e desenvolvimento global da criança;
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A qualidade de vida da criança e da família.
Aganglionose colônica: a Doença de Hirschsprung !
A doença de Hirschsprung é uma condição congênita rara em que uma parte do intestino da criança não possui os nervos responsáveis pelos movimentos intestinais (peristaltismo).
Essa ausência de inervação impede a passagem normal das fezes levando à obstrução intestinal e outros sintomas importantes logo após o nascimento.
Quando suspeitar?
Os principais sinais de alerta incluem:
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Atraso na eliminação do mecônio (as primeiras fezes do bebê);
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Distensão abdominal (barriga inchada);
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Vômitos biliosos;
Em alguns casos pode haver diarreia com sangue e febre indicando uma complicação chamada enterocolite associada ao Hirschsprung - que exige atendimento imediato.
​
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode envolver:
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Exames de imagem (enema opaco);
-
Manometria retal (em crianças maiores);
-
E, principalmente, a biópsia retal - que confirma a ausência de células ganglionares na região afetada.
O grau de comprometimento intestinal pode variar, e vai desde o reto e cólon sigmoide até os casos de aganglionose de cólon total - mais graves.
Tratamento
O tratamento é cirúrgico. Consiste na remoção do segmento intestinal afetado (sem inervação) e união da parte saudável ao reto. Existem técnicas vídeo-assistidas e variações cirúrgicas adaptadas caso a caso. Em alguns pacientes, especialmente os mais frágeis ou com sintomas leves, pode-se realizar enemas diários temporariamente até que cresça e ganhe peso para então ser submetida à correção cirúrgica com maior segurança.
Nos casos mais graves ou diante de uma enterocolite aguda pode ser necessário realizar uma colostomia temporária, com reconstrução em etapa posterior.
​
Acompanhamento a longo prazo
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Após a cirurgia é comum que a criança apresente alterações no ritmo intestinal - como episódios de constipação, escape fecal ou enterocolite recorrente. O prognóstico está relacionado à extensão do cólon acometido — quanto maior o segmento sem células ganglionares, maior a complexidade do manejo.
Por isso, o acompanhamento com equipe multidisciplinar especializada é essencial para otimizar a evolução, controlar sintomas, evitar complicações, e obter a melhor qualidade de vida possível.
Anquiloglossia: o freio de língua!
O freio lingual curto, conhecido como anquiloglossia, é uma condição em que a membrana que conecta a língua ao assoalho da boca é mais curta ou espessa do que o normal, limitando seus movimentos.
Quando isso é um problema?
Nem todo freio curto exige cirurgia!
Muitos bebês e crianças com freio visível conseguem mamar normalmente, desenvolver a fala e não têm nenhuma limitação funcional.
Os casos que merecem atenção são aqueles em que o freio interfere em:​
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Fala, especialmente com sons que exigem elevação da língua (como “l”, “r” e “t”);
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Mobilidade da língua, como dificuldade de protrusão ou elevação;
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Eventualmente, quando atrapalhar o posicionamento de aparelhos ortodônticos;
Quando NÃO operar
Na maioria dos casos em que não há sintomas funcionais, não há indicação cirúrgica.
Cirurgias desnecessárias podem causar dor, sangramento e trauma, sem benefício real.
Importante destacar:
Não existe indicação de correção do freio lingual exclusivamente por dificuldades de amamentação até o presente momento¹²³.
O mecanismo de sucção do bebê não é afetado pelo freio lingual — dificuldades nesse período costumam estar relacionadas à pega e ao posicionamento durante a mamada, e não a uma alteração anatômica da língua.
No caso específico da fala, a grande maioria das alterações tem relação com o tempo natural de desenvolvimento da linguagem, e não com a anatomia do freio em si.
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Tratamento, quando indicado
A cirurgia (frenotomia ou frenectomia) é rápida, segura, com anestesia local ou geral dependendo da idade - que não dispensa a indicação precisa e escolha da melhor técnica.
Em alguns casos, o acompanhamento com fonoaudiólogo também pode ser indicado antes ou após o procedimento.
​
Fontes:
1- ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIRURGIA PEDIÁTRICA – CIPE
Gastrostomia e fundoplicatura em crianças.
A gastrostomia é um procedimento que cria uma abertura direta do abdome para o estômago, permitindo alimentação por sonda quando a via oral não é segura ou suficiente.
Quando ela é indicada?
A gastrostomia pode ser necessária em crianças com:
-
Doenças neurológicas graves (como paralisia cerebral);
-
Dificuldades importantes de deglutição;
-
Necessidade prolongada de nutrição enteral;
-
Situações em que a nutrição oral não garante crescimento adequado.
Como é feita?
​
A cirurgia pode ser realizada por videolaparoscopia (método minimamente invasivo) ou por técnica aberta, com a colocação de uma sonda diretamente no estômago.
É um procedimento seguro, com recuperação rápida e menor risco de complicações quando comparado ao uso prolongado de sondas nasais (como a sonda nasogástrica ou nasoenteral).
E depois da cirurgia?
A maioria das crianças se adapta muito bem.
Os cuidados com a sonda são simples, e os pais ou cuidadores aprendem rapidamente como manuseá-la no dia a dia.
Após a cicatrização do estoma, é possível substituir a sonda convencional por um dispositivo do tipo “botton” — mais discreto e prático.
Esse dispositivo precisa ser trocado periodicamente, de acordo com o desgaste e a avaliação médica.
A gastrostomia pode ser temporária ou definitiva, dependendo da condição de base da criança.
É um procedimento reversível, e a retirada pode ser feita com uma pequena correção cirúrgica quando não for mais necessária.
​
E a fundoplicatura? Quando é indicada junto da gastrostomia?
A fundoplicatura é uma cirurgia realizada para tratar o refluxo gastroesofágico (RGE), quando este é grave, persistente e não responde adequadamente ao tratamento clínico.
Nem toda criança que precisa de uma gastrostomia precisa da fundoplicatura, mas ela pode ser indicada nos seguintes casos:
-
Refluxo gastroesofágico importante documentado (em pHmetria ou EED) que causa:
-
Pneumonias de repetição por aspiração;
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Dificuldade de ganho de peso;
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Irritabilidade persistente em crianças não verbais;
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Doenças neurológicas graves, com risco aumentado de aspiração;
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Casos de dependência total de nutrição enteral por tempo prolongado;
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Quando a gastrostomia sozinha não melhora os sintomas de refluxo ou piora o quadro.
Como é feita a fundoplicatura?
A técnica mais comum é a fundoplicatura de Nissen, que consiste em envolver parcialmente a parte superior do estômago (fundo gástrico) ao redor do esôfago, criando uma válvula antirrefluxo.
O procedimento é feito, na maioria das vezes, por videolaparoscopia, o que reduz a dor, acelera a
recuperação e melhora o resultado estético.
Ela pode ser realizada concomitante à gastrostomia, mas também pode ser realizada posteriormente caso a criança passe a apresentar sintomas tardiamente.
Importante!
A decisão de realizar ou não a fundoplicatura deve ser individualizada, considerando o quadro clínico da criança, a resposta ao tratamento clínico e os achados dos exames.
Estenose Hipertrófica de Piloro
A estenose hipertrófica de piloro é uma condição em que o músculo que controla a saída do estômago para o intestino (o piloro) fica espessado, impedindo a passagem do leite.
É uma causa comum de vômitos intensos em bebês, especialmente entre a 2ª e 8ª semana de vida.
Como identificar?
Os principais sinais são:
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Vômitos em jato, logo após as mamadas;
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Bebê com fome constante, mas que não ganha peso;
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Desidratação e perda de peso com o tempo;
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Em alguns casos, é possível sentir um “carocinho” na barriga, do lado direito.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é feito por ultrassonografia abdominal, que mostra o espessamento do piloro.
O tratamento é cirúrgico através de um procedimento chamado piloromiotomia, no qual é feita uma incisão no músculo do piloro para permitir a passagem do alimento.
A cirurgia pode ser realizada tanto por videolaparoscopia quanto por laparotomia tradicional.
Prognóstico
Após a cirurgia, a maioria dos bebês se recupera rapidamente e volta a se alimentar normalmente em poucos dias.
Molusco Contagioso
O molusco contagioso é uma infecção viral da pele, comum na infância, causada por um vírus da família dos poxvírus.
Aparece como pequenas lesões arredondadas e esbranquiçadas (umbilicadas), que podem se espalhar pelo corpo.
É perigoso? Precisa tratar?
Na maioria das vezes, não é uma doença grave.
As lesões geralmente desaparecem sozinhas em alguns meses (ou até 1-2 anos), sem necessidade de tratamento.
Entretanto, o tratamento pode ser indicado nos seguintes casos:
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Lesões que aumentam de número ou inflamam frequentemente;
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Criança com doença de pele associada (como dermatite atópica);
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Queixa estética ou desconforto emocional.
Formas de tratamento
Existem várias opções:
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Aplicação de soluções tópicas (como hidróxido de potássio);
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Curetagem (remoção mecânica);
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Crioterapia (congelamento com nitrogênio líquido).
A escolha depende da idade, localização das lesões e preferência dos pais.
Na faixa etária pediátrica costumo recomendar a curetagem sob sedação - em bloco cirúrgico - por ser mais tranquilo e menos doloroso para o paciente.
Cisto Pilonidal
O cisto pilonidal é uma inflamação que ocorre na região entre as nádegas, próxima ao cóccix. É mais comum em adolescentes, especialmente meninos, e pode causar bastante desconforto.
O que causa?
De maneira simplificada, essa condição é causada por uma inflamação dos pelos da região (foliculite), que pode obstruir as glândulas do folículo piloso. Isso leva à formação de um abscesso com acúmulo de pus. Em alguns casos, o abscesso se rompe e drena pela pele, formando um orifício fistuloso. Quando esse processo se cronifica, dá origem ao cisto e aos trajetos fistulosos típicos do cisto pilonidal.
Alguns fatores de risco incluem:
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Pelos mais espessos;
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Sudorese intensa;
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Longos períodos sentados;
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Histórico familiar.
Quais os sintomas?
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Inchaço ou caroço doloroso na região sacrococcígea;
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Saída de pus ou secreção com mau odor;
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Formação de abscesso com dor intensa e, em alguns casos, febre.
Tratamento
O tratamento depende do estágio da doença:
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Na fase aguda, com formação de abscesso, é necessário drenar o pus.
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Nos casos crônicos ou recorrentes, o primeiro passo é a depilação definitiva da região, com técnicas que eliminem o pelo pela raiz (como depilação a laser), o que pode resolver o quadro sem cirurgia.
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Se a inflamação persistir ou houver recorrência frequente, a solução é a cirurgia para remoção do cisto e dos trajetos fistulosos.
Existem técnicas menos invasivas, como:
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Pit picking (remoção seletiva dos orifícios com mínimo trauma);
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Cirurgia com fechamento primário (quando viável);
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Tratamento com laser através da cauterização dos trajetos fistulosos até o cisto - o que permite recuperação mais rápida e menor dor no pós-operatório.
Cistos de ovários em crianças e adolescentes
Os cistos de ovário podem ocorrer mesmo em meninas pequenas, mas são mais comuns durante a adolescência.
Geralmente são lesões benignas, associadas à atividade hormonal do ovário, e muitas vezes são descobertos por acaso em exames de imagem.
1. Situação aguda: Torção de ovário
Uma das apresentações mais importantes e urgentes é a torção do ovário, geralmente causada por um cisto que puxa e torce o pedículo ovariano, interrompendo o fluxo sanguíneo.
Sintomas típicos:
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Dor abdominal súbita e intensa, geralmente de um lado;
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Náuseas e vômitos;
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Sensibilidade abdominal à palpação.
É uma urgência cirúrgica, e o tratamento visa destorcer o ovário e, se possível, preservá-lo, mesmo que ele inicialmente pareça comprometido. A videolaparoscopia é o método preferido, pois permite um diagnóstico preciso e uma abordagem minimamente invasiva.
2. Achado incidental
Cistos simples, sem sintomas, são frequentemente descobertos em ultrassonografias por outros motivos.
A maioria dos cistos funcionais (associados ao ciclo hormonal) regride espontaneamente, especialmente se tiverem menos de 5 cm.
Condutas habituais:
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Acompanhamento com exames de imagem seriados;
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Orientação quanto a sinais de alerta (dor súbita, aumento de volume abdominal, etc.);
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Cirurgia apenas se o cisto for grande, persistente, sintomático ou com características suspeitas.
3. Diagnóstico diferencial: Teratoma de ovário
Entre os tumores ovarianos benignos, o teratoma maduro (também chamado de cisto dermoide) é o mais comum.
Ele pode conter diversos tecidos (como cabelo, gordura ou cartilagem) e costuma ser detectado em adolescentes.
A cirurgia é indicada na maioria dos casos, com preservação do ovário sempre que possível.